Em meio às diferenças entre os mundos dos jogos, do cinema e da música, uma angústia singular emerge quando nos damos conta de que raramente temos acesso às vidas pessoais dos criadores de jogos. Eles não alcançam o mesmo estrelato que atores ou músicos, tanto devido ao grande número de mentes criativas por trás de um videogame quanto à sua ausência direta no produto final. É uma realidade que torna difícil tornar-se uma figura reconhecível na indústria de jogos, com exceções notáveis, como Hideo Kojima, que sou um grande admirador.
Você já deve ter saboreado muitos churrascos na vida, mas há sempre um gosto especial reservado para aqueles preparados por mestres churrasqueiros. No mundo dos videogames, Hideo Kojima e suas criações formam uma relação similar a Brad Pitt e Angelina Jolie em Hollywood: um artista inseparável de sua obra. Sem Kojima, a série Metal Gear seria como um leite com chocolate desprovido de leite e chocolate - um copo vazio chamado Metal Gear Survive.
Desde os primórdios da série, ele foi o único diretor dos jogos principais, uma raridade notável. Enquanto franquias de sucesso como Assassin's Creed viram 15 diretores diferentes ao longo dos anos, a constância na visão e direção de Kojima é uma faceta que pode tanto fortalecer como enfraquecer uma franquia.
A consistência na visão de um criador pode ser o segredo para o crescimento e a manutenção da relevância de uma franquia. Entretanto, essa exclusividade também pode ser sua ruína, levando à estagnação, à falta de inovação e à alienação dos fãs. A identidade que tornou a franquia popular pode se perder, tornando-se apenas uma sombra do que já foi.
O problema da exclusividade se torna aparente quando a franquia está intimamente ligada a um único criador, e a saída desse criador pode abalar sua base de fãs. Isso é exatamente o que aconteceu com Metal Gear após a partida de Hideo Kojima; a franquia perdeu parte de sua essência.
Além disso, a ausência de renovação e novas ideias pode prejudicar uma franquia a longo prazo. Enquanto Kojima estava à frente, Metal Gear era sinônimo de inovação e narrativa envolvente. Sem ele, a série começou a perder sua magia.
Isso não significa que novos diretores não possam fazer um bom trabalho, mas é uma tarefa árdua preencher os sapatos de alguém como Kojima. Ele era um visionário na arte de contar histórias e criar jogos envolventes. Sua ausência deixou um vazio na franquia que é difícil de preencher.
Portanto, a exclusividade de um criador pode ser uma faca de dois gumes. Pode levar ao sucesso, mas também à decadência de uma franquia caso esse criador decida seguir em frente. A indústria de jogos é dinâmica e está em constante evolução, e as franquias precisam se adaptar a essas mudanças para sobreviver.